Perimetrais

  • 2012
  • Zipper Galeria, Sao Paulo

Está clara nas obras Torres uma subversão do ideal urbano de proteção: os elementos que compõem a obra são onipresentes nas cidades brasileiras como módulo de cerca de segurança para propriedades públicas e particulares. Têm uma dimensão e configuração calculadas para oferecer obstáculo ao corpo humano. São suportes atravessados por arame farpado com a parte mais alta inclinada em 45° para o interior do território a ser protegido; o módulo utilizado nas Torres está saturado de significados. Agora, engenhosamente agrupados em três elementos, envolvidos por cintas de aço, com sua projeção em ângulo apontada para o exterior tornam-se, digamos, elegantes, mas não perdem a memória de sua origem: o concreto aparente e sua presença bruta. As Torres de Ana Holck trazem no seu interior uma manobra pop para realizar uma obra com fortes laços na tradição construtiva. O movimento estético, sem aviltar a origem de seus elementos, transforma-os em momento poético que vive uma dupla tensão: aquela física que os mantém em pé e aquela da presença subvertida do módulo destinado a proteger propriedades. É possível que sua beleza esteja nesse encontro da solução formal com a própria história do módulo que a constitui. 

Em Torno de Cruzamentos e Torres
[Paulo Sergio Duarte]