Perimetrales

  • 2013
  • MdM Gallery, Paris

A presença da arquitetura nos Cruzamentos se encontra imantada pelos títulos. Todas são construídas a partir da tensão exercida pelo material em seus pontos de fixação e pelos fios de aço que contribuem para a estruturação do trabalho nos contrapesos cilíndricos dos corpos de prova de concreto. Agora nenhum elemento é gratuito, todos agem, para vir compor o contraste entre tensões físicas invisíveis e sua presença nos materiais: a tensão do arco de aço e sua corporeidade evidente versus a tensão dos fios que desafiam o corpo com seus traços que desenham o vazio. 

Na série de gravuras Perimetrais, o ponto de partida são os elementos estruturais que sustentam uma conhecida pista elevada de alta velocidade que contorna o centro do Rio de Janeiro. Encontra-se nos planos de reurbanização do centro e do cais do porto da cidade sua demolição. O que Ana revela nas suas gravuras ao isolar pilares e vigas de sustentação é uma geometria contemporânea que se encontra camuflada pela movimentada vida urbana. Estes elementos isolados no papel, cuidadosamente selecionados e recortados, manifestam no plano o mesmo rigor que sempre esteve na regência dos trabalhos da artista.

Em Torno de Cruzamentos e Torres
[Paulo Sergio Duarte]