Notas sobre obras

  • 2006
  • Galeria Virgilio, São Paulo

Quando observo as caixas de espaço criadas por Ana Holck, penso que se encontram bem próximas de algo como as ilustrações imaginárias de relações kantianas. Não exagero. Estamos dentro de exercícios poéticos delicados da mecânica e da grafostática. 

São hipóteses de possíveis espetáculos espaciais que poderiam ganhar dimensões generosas, mas, ao mesmo tempo, colocam-se no extremo oposto da brutalidade de escala explorada na arte contemporânea em suas manifestações freqüentemente narcisistas. Transpostas das pequenas caixas para grandes salas, conseguiriam permanecer sutis e delicadas pela economia racional que explora na sua linguagem. E esta linguagem é a sua própria idéia. Não se trata de conceito, mas da Idéia da estrutura como linguagem, que reverbera em cada uma das “pontes” de Ana Holck. 

A coleção de estruturas imaginárias de Ana Holck, ao não perseguir a função de existir como um conjunto de pontes reais, mas somente de “pontes poéticas”, transcende o lado utilitário da estrutura e se apresenta como a própria Idéia de estrutura e a história de seu raciocínio, exatamente porque não persegue o inventário de estruturas realizadas, mas procura sua realização no campo poético das relações das estruturas virtuais entre si. 

Pontes e estruturas imaginárias
[Paulo Sérgio Duarte]