Entroncados, Enroscados e Estirados

  • 2023
  • Paço Imperial, Rio de Janeiro

Esse conjunto de trabalhos, como uma bifurcação, aponta para o campo da escultura e mais especificamente uma ocorrência ou imagem que acompanha a artista desde o início da sua trajetória, que é a do canteiro de obras, vide a escolha por um material que é da ordem da construção e da engenharia; por outro, o trabalho também admite a sua presença enquanto um registro da “mão da artista”, nesse aço/linha que é a marcação de um desenho no espaço. 

A porcelana é o eixo por onde trespassam as tramas; é por essa estrutura fixa e porosa, já que o aço irrompe por ela, que o emaranhado de linhas se transforma em um evento perturbador: o movimento inquietante e desafiador do aço denuncia um tempo acelerado em contraponto ao impulso estático da porcelana. Dois tempos agindo simultaneamente. A porcelana, sem embargo, é uma viga estável e resistente que demarca um território da sustentação e controle. Contudo, é por meio dela que gesto, linha e espaço se prolongam em um estado impulsivo e dinâmico. 

[Felipe Scovino]