Transitante

  • 2003
  • Galeria Candido Portinari, UERJ, Rio de Janeiro

O espaço entrecortado em feixes diagonais parece compelir, absorver, tragar o olhar. E, neste momento em que quase o arrasta para o interior da galeria, como uma espécie de campo magnético, parece necessário ao individuo, a cada passo que dá, recorrer à exigência de manter seu equilíbrio, frente a um entorno instável e não raro hostil ao encontro de uma posição confortável. Cada pequeno metro recorrido é, de algum modo, a descoberta de uma nova posição no mundo, diante deste facetamento que parece inverter o cubo ao qual se estava acostumado. Mas, sendo também um lugar onde não se está sozinho (ou seja, é interdito ao vate, ao gênio, ao demiurgo), ele, em sua “sociabilidade” guarda consigo a possibilidade de entender sua construção como uma consciência do mundo, a determinação de um lugar em que o “eu” e as “coisas” são o resultado de uma positividade  recíproca, passando daquela aridez inicial a uma possibilidade viável de relação esclarecida. Um empreendimento significativo, uma vez que o executa com a imediaticidade requerida, mas sem conceder a uma urgência ansiosa. 

Horizontes Palpáveis
[Guilherme Bueno]